Beija-flor um dia viu a lagarta grotesca se fechar em casulo. Deu importância nenhuma praquilo. Tempos depois, porém, embasbacou-se com as asas do novo bicho que saía dali.
Beija-flor não gostou da concorrência. Tantas cores naquela delicadeza de voo lepidóptero iam atrair toda a atenção do mundo. Beija-flor ia ficar esquecido e desprezado em sua beleza de bicho maior.
Quis exterminar a borboleta, mas tinha nascido para beijar flores, não para agredir insetos. Decidiu, por isso, pedir, com a educação toda que lhe era inata, que a borboleta fosse voar em outros céus, distantes dali, pois que as cores deles estavam em conflito irremediável.
Então, o lugar inteiro e os arredores puderam presenciar a dança daquelas cores – e todos os seres que ali viviam sentiram-se felizes com tanta beleza enfeitando os ares.
Beija-flor, estonteado, reconsiderou seu pedido de exílio para a borboleta. Ela, porém, despediu-se de todos e flutuou para longe – afinal, o que foi combinado deveria ser cumprido.
Nos dias seguintes, beija-flor sentiu a vontade doida de dançar de novo com a borboleta. Não aguentou esperar por muito tempo. Logo-logo foi em busca de descobrir onde seria que ela estava.
Demorou um pouco, mas conseguiu encontrá-la. Por algum tempo havia deixado de ver borboletas – agora, via todos os dias...