Ares e Mares


Perigoso demais é mergulhar em mar de rosas. Mais ainda se forem vermelhas. Pois que as rosas murcham, as pétalas soltam-se e são levadas até a praia pelas ondas. Em busca delas  as pétalas na praia  é comum quase sempre ferir-se nos espinhos que sobram em alto mar. Feridas suportadas alegremente pela tola ilusão de que haverá a recompensa do perfume róseo. Quando se atinge a praia, contudo, provável é que as pétalas já tenham se degenerado em podridão. E é somente então que as lágrimas têm permissão de se juntar às ondas.

É por isso que Hellah preferia mergulhar nos ares com suas asas de borboleta. Pois que elas  as asas  permitiam-lhe beijar as rosas vermelhas e flutuar entre os espinhos, como borboleta que dança no vento, bailarina dos ares. Borboleta é capaz de alegrar humanos e hipnotizar leões, viajar em nuvens e transgredir os limites das dimensões todas que ninguém ainda conheceu. Borboleta é capaz de transformar mundos, criar universos e inventar fantasias  livre como somente o amor legítimo é capaz de ser.