A Estrela e o Arco-Íris



Era uma vez uma estrela que brilhava longe no infinito escuro do Universo. Há zilhões de anos sem parar ela brilhava, mas seu pisca-pisca chegava fraquinho no céu dos planetas do Sistema Solar, os mais próximos que havia  embora extremamente distantes. Tão distantes que sua luz chegava fraquinha até eles. Tão fraquinha que até confundia-se com as outras zilhares de estrelas que piscavam também por ali.

Era lilás essa estrela, única entre outras todas que cores tinham em si. Única estrela lilás de todo o Universo. Mas que é que interessava a cor da estrela se brilho seu chegava tão fraquinho nos planetas para os quais piscava? Tão pouco interessava a cor que refletia que nem mesmo ela mesma sabia que era única.

Um dia, cansada de brilhar tão longe e ser só mais uma entre outras todas, a estrela lilás jogou-se no planeta Terra. Queria cair naquele azul tão lindo que via de longe. Jogou-se e caiu numa praia de areia clarinha e bem fina, tão macia e leve que nem machucou-se na queda. Olhou para o céu e viu todas as suas colegas estrelas, tantas cores elas tinham... Com um pouco mais de observação, descobriu, cheia de susto, que não tinha uma colega com cor gêmea. Era única, pois.

A dúvida, então, instalou-se em sua vida. O que “era” agora que descobria-se única? O que “fora” antes de sabê-lo? O que seria daqui em diante, sabendo-se assim? Cheia de dúvidas, conflituosa que tornava-se, perguntava-se qual seria sua função no mundo. Não sabia, nem imaginava  por isso, desesperava-se.

A noite seguia seu curso e, de repente, a estrela viu o arco-íris. A visão a deixou alucinada, jamais havia visto imagem tão linda em todo o seu existir. Quis subir nele e descer de tobogã, mas, quanto mais tentava aproximar-se, mais dela ele afastava-se. Virou criança entretida com o novo brinquedo. Corria para o arco-íris e ele lhe fugia.

Muito tempo passou-se até que a estrela intuísse algum engano. Que estranho amigo era aquele que aparecia para alegrá-la com suas cores mas lhe fugia o tempo todo? Tanto pensou nisso que chegou a dizê-lo em voz alta. O arco-íris, então, soube o que passava-se na cabeça da amiga e fez questão de responder o que sabia, tão óbvio parecia  o arco-íris era tão somente reflexo que a estrela fazia na água.