A Borboleta e o Horizonte


Houve a vez em que uma borboleta – azul da cor do céu – apaixonou-se pelo horizonte. Admirava de longe a beleza que ele tinha, com as cores todas de que coloria-se ao longo do dia.

Até que borboleta cansou-se daquela paixão distante – decidiu ir ao encontro do seu amado. Entretantos todos que existem: quanto mais voava para o horizonte, mais ele lhe fugia.

Borboleta pensou, então, que o horizonte não a amava nem a queria por perto. Quis voltar para o lugar de onde tinha vindo, mas era já tarde, posto que estava no meio do oceano – completamente exausta – e não via sinais de ilha nem de pedra nem de nada onde pudesse repousar para recuperar suas forças.

Foi aí que borboleta pensou que nem havia motivos para voltar, pois que, fosse para ficar longe de quem amava, preferia mesmo deixar de existir.

Assim, borboleta jogou-se nas águas do oceano – que, com pena dela, deu-lhe barbatanas e guelras, para que vivesse e pudesse continuar em busca do horizonte que tanto amava. E foi aí e foi assim que surgiu a primeira sereia na face da Terra.