Mudo


Há tempos falo a língua do silêncio, pois que frágeis e falhas tornaram-se as palavras para expressar o que me vem de dentro. Meu silêncio é a voz do meu coração. Mudo.

Mudo o tempo todo, meu coração bate no silêncio de ritmos absconsos e incompreensíveis, avesso a tudo o que existe no mundo, fiel apenas aos sentimentos todos que tão estranhamente brotam em si.


Mudo todo o tempo, meu coração transforma cada segundo numa vida inteira de aprendizado, cria mundos onde há somente o ser o que se é, o que as coisas são, sem máscaras nem dissimulações de quaisquer tipos.

Dentro do meu coração silencioso há somente a minha verdade. Verdade que jamais pude esconder de mim mesma, embora precise preservá-la do mundo, sob o risco grande dela nem ser capaz de sobreviver muito tempo fora de mim.

Disseram-me, entretantos, que meu silêncio é a voz muda do meu coração. Disseram-me que corações mudos nada têm a dizer. Respondo que, de fato, assim é. Pois que coração não tem mesmo que dizer o que quer que seja. Coração foi feito tão somente para sentir.